O escritor de ficção científica Isaac Asimov disse: “Não creio em vida após a morte, portanto, não tenho que passar minha vida inteira temendo o inferno, ou temendo ainda mais o céu. Quaisquer que sejam as torturas do inferno, creio que o tédio do céu seria ainda pior."
Infelizmente, mesmo entre cristãos, há um mito predominante de que o Céu será entediante. Às vezes não podemos imaginar nada além de dedilhar uma harpa e lustrar ruas de ouro. Sucumbimos às estratégias de Satanás “para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu.” (Apocalipse 13.6).
As pessoas às vezes dizem: "Prefiro estar me divertindo no inferno do que ficar absolutamente entediado no céu". Muitos imaginam o Inferno como um lugar onde eles se divertem, jogam sinuca e brincam com os amigos. Isto pode acontecer na Nova Terra, mas não no Inferno.
O inferno é um lugar de tormento e isolamento, onde amizade e tempos bons não existem. O inferno será mortalmente entediante. Tudo que é bom, agradável, refrescante, fascinante e interessante se origina em Deus. Sem Deus, não há nada de interessante a fazer. Davi escreveu: “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.”(Salmo 16.11). Em contrapartida, fora da presença de Deus, não há alegria.
Nossa crença de que o Céu será entediante revela uma heresia — de que Deus é entediante. Não há absurdo maior. Na verdade, nosso desejo por prazer e a experiência de alegria vêm diretamente da mão de Deus. Foi Deus quem projetou e nos deu nossas papilas gustativas, adrenalina, impulsos sexuais e as terminações nervosas que transmitem prazer aos nossos cérebros. Da mesma forma, nossa imaginação e nossa capacidade de alegria e entusiasmo foram feitas pelo próprio Deus, o qual acusamos de ser entediante! Será que imaginamos que nós mesmos criamos a ideia de diversão?
"Não será entediante ser bom o tempo todo?" Note bem a pressuposição subjacente: o pecado é excitante, a justiça é entediante. Caímos na mentira do diabo. Sua estratégia mais básica, a mesma que ele empregou com Adão e Eva, é nos fazer crer que o pecado traz satisfação. Mas o oposto é verdadeiro. O pecado nos rouba a satisfação. O pecado não torna a vida interessante; torna a vida vazia. O pecado não cria aventura; ele a esmaece. O pecado não expande a vida; ele a encolhe. O vazio do pecado inevitavelmente leva ao tédio. Quando há satisfação, quando há beleza, quando vemos Deus como Ele realmente é — um reservatório infinito de fascinação — o tédio se torna impossível.
Quem crê que não pode haver excitaçāo sem pecado pensa com a mente envenenada pelo pecado. Viciados em drogas estão convencidos de que sem suas drogas não conseguirāo viver vidas felizes. Na verdade, — como todos podem ver — as drogas os tornam infelizes. Ser livre do pecado significa ser livre para ser aquilo que Deus pretende, ser livre para encontrar uma alegria muito maior em tudo. No Céu estaremos repletos de alegria e perpétuas delícias, tal como o descreve o Salmo 16:11.
Outra razão pela qual as pessoas crêem que o céu será entediante é que suas vidas cristãs são entediantes. Isto não é culpa de Deus. Ele nos chamou para segui-lo numa aventura que deve nos colocar no limite da vida. Se estivermos vivenciando a açāo revigorante do Espírito de Deus, confiando nEle para preencher nossas vidas com compromissos divinos e vivenciando Sua bondade diária e graciosa como crianças deleitadas, então saberemos que Deus é empolgante e que o Céu será excitante. Como poderia ser ao contrário?
Quanto a não ter nada a fazer no Céu, vamos ajudar Deus a administrar o universo (Lucas 19.11-27). Teremos uma eternidade cheia de coisas para fazer. A imagem bíblica de pessoas ressuscitadas trabalhando em uma sociedade vibrante em uma terra renovada, não poderia ser mais convincente. (Não é de admirar que Satanás se esforce tanto para nos roubar isto.)
Deus nos dará mentes renovadas e corpos maravilhosamente criados, cheios de energia e visão. James Campbell escreveu: “O trabalho do outro lado, seja qual for o seu caráter, será adaptado às aptidões e poderes especiais de cada um. Será o trabalho que ele pode fazer melhor que todos; o trabalho que dará o mais completo desempenho a tudo o que está dentro dele. ”(1)
Mesmo sob a maldição, vislumbramos como o trabalho pode ser enriquecedor, como pode construir relacionamentos e como isso pode nos ajudar a melhorar a nós mesmos e a nosso mundo. O trabalho nos distende de maneiras que nos tornam mais inteligentes, mais sábios e mais satisfeitos.
O Deus que nos criou para realizar boas obras (Efésios 2.10) não abandonará este propósito quando Ele nos ressuscitar para habitar o novo universo.
A Palavra nos diz que serviremos a Deus no céu (Apocalipse 7.15; 22.3). O serviço é ativo, não passivo. Abrange o cumprimento de responsabilidades, nas quais gastamos energia. O trabalho no céu não será frustrante ou infrutífero; envolverá realizações duradouras, livres de deterioração e fadiga, e reforçadas por recursos ilimitados. Abordaremos nosso trabalho no Céu com o mesmo entusiasmo que hoje temos para com nossos esportes ou hobbies favoritos.
No Céu, reinaremos com Cristo, exerceremos liderança e autoridade e tomaremos decisões importantes. Isso implica responsabilidades delegadas específicas sobre aqueles sob nossa liderança, bem como responsabilidades específicas dadas a nós por nossos líderes (Lucas 19.17-19). Vamos definir metas, planejar e compartilhar ideias. Nosso melhor dia de trabalho na Terra — quando tudo acaba melhor do que planejamos, quando fazemos tudo a tempo, quando todos da equipe trabalham juntos e desfrutam um do outro — é apenas uma pequena amostra da alegria que nosso trabalho nos trará na Nova Terra.
Se você crê que a vida no novo universo de Deus será entediante, você simplesmente não está entendendo. Imagine as flores que os botânicos estudarão (e apreciarão), os animais que os zoólogos pesquisarão (e com os quais brincarão). Astrônomos talentosos podem ir de sistema estelar em sistema estelar, de galáxia à galáxia, estudando as maravilhas da criação de Deus. Uma existência desencarnada seria entediante, mas nossa ressurreição para uma vida corpórea na Nova Terra porá fim ao tédio para sempre.
Excerto de 50 Days of Heaven: Reflections That Bring Eternity to Light [50 Dias no Céu: Reflexões que Trazem a Eternidade à Luz ].
Por Randy Alcorn Traduzido por Felipe Barnabé
1. James M. Campbell, Heaven Opened: A Book of Comfort and Hope [O Céu Aberto: Um Livro de Conforto e Esperança] (New York: Revell, 1924), 123.
No More Boredom
Science fiction writer Isaac Asimov said, “I don’t believe in an afterlife, so I don’t have to spend my whole life fearing hell, or fearing heaven even more. For whatever the tortures of hell, I think the boredom of heaven would be even worse.”
Sadly, even among Christians, it’s a prevalent myth that Heaven will be boring. Sometimes we can’t envision anything beyond strumming a harp and polishing streets of gold. We’ve succumbed to Satan’s strategies “to blaspheme God, and to slander his name and his dwelling place” (Revelation 13:6).
People sometimes say, “I’d rather be having a good time in Hell than be bored out of my mind in Heaven.” Many imagine Hell as a place where they’ll hang around and shoot pool and joke with friends. That could happen on the New Earth, but not in Hell.
Hell is a place of torment and isolation, where friendship and good times don’t exist. Hell will be deathly boring. Everything good, enjoyable, refreshing, fascinating, and interesting originates with God. Without God, there’s nothing interesting to do. David wrote, “In Your presence is fullness of joy; at Your right hand are pleasures forevermore” (Psalm 16:11, NKJV). Conversely, outside of God’s presence, there is no joy.
Our belief that Heaven will be boring betrays a heresy—that God is boring. There’s no greater nonsense. What’s true is that our desire for pleasure and the experience of joy come directly from God’s hand. God designed and gave us our taste buds, adrenaline, sex drives, and the nerve endings that convey pleasure to our brains. Likewise, our imaginations and our capacity for joy and exhilaration were made by the very God we accuse of being boring! Do we imagine that we ourselves came up with the idea of fun?
“Won’t it be boring to be good all the time?” Note the underlying assumption: Sin is exciting, righteousness is boring. We’ve fallen for the devil’s lie. His most basic strategy, the same one he employed with Adam and Eve, is to make us believe that sin brings fulfillment. But the opposite is true. Sin robs us of fulfillment. Sin doesn’t make life interesting; it makes life empty. Sin doesn’t create adventure; it blunts it. Sin doesn’t expand life; it shrinks it. Sin’s emptiness inevitably leads to boredom. When there’s fulfillment, when there’s beauty, when we see God as He truly is—an endless reservoir of fascination—boredom becomes impossible.
Those who believe there can’t be excitement without sin think with sin-poisoned minds. Drug addicts are convinced that without their drugs they can’t live happy lives. In fact—as everyone else can see—drugs make them miserable. Freedom from sin will mean freedom to be what God intended, freedom to find far greater joy in everything. In Heaven we’ll be filled, as Psalm 16:11 describes it, with joy and eternal pleasures.
Another reason why people assume Heaven is boring is that their Christian lives are boring. That’s not God’s fault. He calls us to follow Him in an adventure that should put us on life’s edge. If we’re experiencing the invigorating stirrings of God’s Spirit, trusting Him to fill our lives with divine appointments, and experiencing the childlike delights of His gracious daily kindnesses, then we’ll know that God is exciting and Heaven is exhilarating. What else could they be?
As for having nothing to do in Heaven, we’re going to help God run the universe (Luke 19:11-27). We’ll have an eternity full of things to do. The Bible’s picture of resurrected people at work in a vibrant society on a resurrected earth couldn’t be more compelling. (No wonder Satan works so hard to rob us of it.)
God will give us renewed minds and marvelously constructed bodies, full of energy and vision. James Campbell says, “The work on the other side, whatever be its character, will be adapted to each one’s special aptitude and powers. It will be the work he can do best; the work that will give the fullest play to all that is within him.”[i]
Even under the Curse, we catch glimpses of how work can be enriching, how it can build relationships, and how it can help us to improve ourselves and our world. Work stretches us in ways that make us smarter, wiser, and more fulfilled.
The God who created us to do good works (Ephesians 2:10) will not abandon this purpose when He resurrects us to inhabit the new universe.
We are told that we will serve God in Heaven (Revelation 7:15; 22:3). Service is active, not passive. It involves fulfilling responsibilities, in which we expend energy. Work in Heaven won’t be frustrating or fruitless; it will involve lasting accomplishments, unhindered by decay and fatigue, and enhanced by unlimited resources. We’ll approach our work in Heaven with the same enthusiasm we now bring to our favorite sports or hobbies.
In Heaven, we’ll reign with Christ, exercise leadership and authority, and make important decisions. This implies specific delegated responsibilities for those under our leadership, as well as specific responsibilities given to us by our leaders (Luke 19:17-19). We’ll set goals, devise plans, and share ideas. Our best workday on Earth—when everything turns out better than we planned, when we get everything done on time, when everyone on the team pulls together and enjoys each other—is just a small foretaste of the joy our work will bring us on the New Earth.
If you think that life in God’s new universe will be boring, you’re just not getting it. Imagine the flowers that botanists will study (and enjoy), the animals that zoologists will research (and play with). Gifted astronomers may go from star system to star system, galaxy to galaxy, studying the wonders of God’s creation. A disembodied existence would be boring, but our resurrection to bodily life on the New Earth will forever put boredom to death.
Excerpted from 50 Days of Heaven: Reflections That Bring Eternity to Light. See also the comprehensive book Heaven.
[i] James M. Campbell, Heaven Opened: A Book of Comfort and Hope (New York: Revell, 1924), 123.
Photo by Grace Ho on Unsplash